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Entrevista com Marisa Pacheco

Marisa fala sobre sua marca de joias, sua nova coleção e sobre a importância da arte joalheira de Pirenópolis, seu respeito ao meio ambiente e a visão de futuro dessa atividade para o município.



Seu trabalho como artesã joalheira aparece quando em sua vida?

Fui uma criança que gostava de inventar brinquedos. O barro foi meu material predileto para criar panelinhas, bonecas e bichinhos de barro. Mas, foi nos anos 80 que me aproximei da cerâmica frequentando cursos em Brasília e viajando para me informar. Trabalho há 25 anos com cerâmica e mais recentemente com desenho e produção de joias.


Você criou a M&E quando e o que inspira o trabalho de vocês?

Sempre gostei de cerâmica e joias em prata com uma certa paixão. Fazer cerâmica me acalma e faz aflorar minha criatividade. Não desenvolvi a habilidade de manipular o metal mas gosto de imaginar a joia combinando cerâmica, pedras brutas, madeira e outros materiais orgânicos com a prata. Sem intenção explícita a gente acaba combinando esses elementos de forma orgânica, com cores e formas do nosso jardim, do cerrado que nos rodeia e até por influência da nossa cultura ancestral indígena e africana. Em 2010, em parceria com minha amiga Eva Rodrigues, conhecida como Chiquita, criamos a marca M&E para nossa cerâmica utilitária e joias. Desenvolvidas em parceria com diversos artesãos joalheiros da cidade já recebemos o certificado de IG – Indicação Geográfica de Procedência conferido pelo INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial às joias em prata de Pirenópolis.





O que é novidade na coleção da M&E de 2021 e onde pode ser vista?

Nessa coleção quisemos celebrar a diferença. As formas assimétricas da composição das joias tem o propósito de revelar o diferente, o fora do padrão e da ordem como surpreendentemente lúdico e belo. São brincos e colares assimétricos, peças que são feitas à mão. Cada joia em cerâmica esmaltada ou pedras brutas é cuidadosamente estudada e confeccionada. A coleção também foi idealizada para destacar as variadas cores e a beleza das gemas naturais brutas e dos grãos de prata reciclada. Assimétricas e harmônicas, as formas dos brincos da nova coleção possuem um lado longo e geométrico e o outro invertido ou apenas um ponto brilhante. Ousadia de quem usa celebrando a diferença!





Nossas joias podem ser vistas e adquiridas pelo site www.casademarisa.com Em Brasília estão na loja Mão Brasileira do CCBB e na Acervo Mobília no Setor Bancário Sul.




Poderia nos contar um pouco sobre como e quando veio para Pirenópolis e passou a desenvolver aqui seu artesanato?

Nasci em Goiânia e em Brasília fiz Sociologia na UnB e trabalhei no serviço público até me aposentar. Vim a Pirenópolis pela primeira vez há 35 anos. Apaixonei-me pela cidade com seus casarões coloniais bem conservados, igrejas, belezas naturais, pelo jeito de ser de sua gente e de suas festas tradicionais. Logo percebi que era aqui que eu queria viver e envelhecer trabalhando com artesanato em cerâmica e joias. A cidade ainda não tinha o fluxo turístico que tem hoje. Logo que pude comprei casa no Centro Histórico e aqui passei a viver definitivamente em 2010. A Casa de Marisa passou a ser minha morada e meu atelier de trabalho. Com o tempo tornou-se também um Centro Cultural de encontros de artesãos e artistas, de exposições de arte, joias e de divulgação de livros. Associei-me em 2016 a ACEAPP – Associação Cultural e Ecológica dos Artesãos em Prata de Pirenópolis e passei a dedicar parte do meu tempo a coordenar, junto com este grupo, projetos para promover a arte joalheira da cidade.


Pirenópolis foi recentemente reconhecida como Capital da Prata do Centro-Oeste. Qual a importância deste título e o que traz de benefícios para a cidade?


Em 2019, a ACEAPP, depois de anos de organização dos documentos de comprovação da história da prata no município, conquistou o registro no INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial e obteve a Indicação Geográfica de Procedência para as joias em prata elaboradas artesanalmente pelos joalheiros do município. Esta arte milenar tornou-se tradição aqui quando foi introduzida nos anos 80, pela oficina coletiva do grupo alternativo Terra Nostra, que na verdade funcionou como um atelier escola de ourivesaria. Hoje, temos cerca de 150 artesãos trabalhando prata de lei reciclada em estilo próprio, com acabamento perfeito o que garante o certificado de IG de Procedência para suas joias. O reconhecimento desse órgão federal sobre a originalidade e qualidade da

ourivesaria da cidade levou também em consideração os cuidados ambientais que temos no desenvolvimento da atividade. Damos preferência para uso da prata reciclada e nada dos resíduos são descartados na natureza. Buscamos adquirir nossos insumos de fontes confiáveis. A joalheria, por produzir bem valioso e durável que passa de geração a geração, é uma atividade que não deixa descarte na natureza. Embora use metais preciosos e gemas ainda é uma atividade humana das mais antigas e menos poluidora.

Quanto ao reconhecimento de Pirenópolis como Capital da Prata, com a conquista da indicação de IG para nossas joias, vejo uma ótima oportunidade de crescimento para o setor e para o município. A ACEAPP quer criar, em parceria com a UEG – Universidade Estadual de Goiás, curso de joalheria e gemologia para preparar nossos jovens para este futuro. A joalheria já representa hoje importante setor econômico para o município. Se apoiado pelo poder público local e estadual, a joalheria pode dar a Pirenópolis oportunidade de se transformar em um centro de turismo de negócios bastante lucrativo, atraindo compradores nacionais e internacionais.


Para ver na Revista Viu


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